sábado, setembro 09, 2006

(Ainda o cansaço...)

O que há em mim
é sobretudo cansaço
não disto, nem daquilo,
Cansaço. Assim mesmo. Ele mesmo.
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis
As paixões violentas por coisa nenhuma
Os amores por, o suposto, em alguém
Tudo isso
Isso e o que fazia neles eternamente
Tudo faz um cansaço
Este cansaço.....

13 comentários:

Cris disse...

Como eu te compreendo, chega a uma altura da nossa vida que o nosso coração se cansa dos amores inuteis, das dores por coisa nenhuma e tudo parece fora de contexto. E um cansaço quase físico apodera-se de nós, eu sei o que é isso. Pode ser um renascer, o nosso coração é como uma fénix, arde por completo, para renascer das cinzas.

Bjos

C.

mixtu disse...

cansaço... tb ando cansado, tenho de deixar de correr :)

cansada de amar? não te canses disso...

besitos europeus

Teresa Durães disse...

infelizmente conheço a sensação....

(é mau enquanto dura e parece que nunca mais passa)

Miriam5 disse...

A vida tem momentos destes, em que parece que corremos para nenhures, que nos cansamos, que nos perdemos no meio do caminho mas, são momentos, são fases, que não tardarão em passar para que voltes a ter nergia de sonhar, de amar.
Um beijinho

Luis Duverge disse...

Solto e sem destino deixo-o ir ...o vento encarrega-se do resto.
Sempre que de novo se aproxima evito-o porque sei que só me vai angústiar.
Saio e vou para lá ...junto ao mar nem se nota.
Beijo ...do mar.

Teresa Durães disse...

(roubei a citação de Nietzsche mas link para aqui)


bom domingo

Francis disse...

Ai, rapariga. Toma-me um xarope para isso! :-)... e olha que não volto a avisar-te!!!
Um enorme... sabes o quê :-)))

Teresa Durães disse...

boa noite!

há coisas (tal como o cansaço, se for psicológico, não aquele fisico que nos dá um sono reparador) que fazemos tudo para nos livrar

... por momentos até pensamos que afinal encontrámos a solução...

Posso colocar todos debaixo de um véu e fingir que não existem.

(ou sou eu que lá estou?)

os olhos dos outros... já me importei até que descobri os meus.

demorou, confesso. quando são os que estão à nossa volta a tapar, é mais difícil de alcançar.

mas passou e isso é o que interessa.

só que ainda tenho o trabalho como obrigatório, a cumprir (este tempo de escravatura não dita fascina-me principalmente quando existe gente à minha volta que não entende isso)

cantando andando escrevendo!

:)

boa noite!

diabinho disse...

Compreendo-te, apesar de ter outra filosofia de vida...
Ficamos cansados com as desaires da nossa vida, até chegamos a questionar, se não é tudo culpa nossa....
Parte dessa "culpa" é nossa, parte, mas não toda...
beijinhos

segurademim disse...

belas as palavras a subtileza das sensações inúteis, entendo, faço-te companhia... às vezes

depois vem a subtileza dos olhares, reais, compensadores, inteiros e ao cansaço sucede a ternura... e o braço dos herdeiros, o bálsamo de algumas feridas

beijo :)

Teresa Durães disse...

vamos sobrevivendo?

boa noite!

Anónimo disse...

Olha querida, o Fernando Pessoa é demasiado conhecido...

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

naoseiquenome usar disse...

Caro anónimo:
Obrigada pela publicação do poema na íntegra.
Por serem tão conhecidas as palavras, não vi nenhuma necessidade de fazer qualquer referência ao autor, referências, que, de resto, se reparar, acontecem invariávelmente neste espaço, quando citadas.
Acrescento ainda que das "palavras" do poema, nem todas serviam para expressar o que estava a sentir e, por isso, acaba por ser, uma mini-montagem das palavras ditas pelo mestre com o meu sentimento em expressão.
Mas mais uma vez obrigada.
Fique bem.