quarta-feira, novembro 29, 2006

As mãos deram-se nas areias
Um grifo persegue Adão e Eva

terça-feira, novembro 28, 2006

Estilhaçar
a inerte neutralidade
passante
vestir
em confiança
a construção do real
a hora
a labareda do instante
"aprender sempre"

segunda-feira, novembro 27, 2006

Homenagem a Mário Cesariny

Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

BOM DIA !


Aos leitores

Um dia ainda vou ser feliz!
Boa? (como dizem hoje os putos?)
Vamos, sim! Com toda a certeza. É só querermos.
Vá lá caros leitores, prossigamos.
Oiçam: Vamos lá VIVER! que se lixe o resto.

sábado, novembro 25, 2006

Não te furtes a ti própria
não burocratizes sensações desejos estados mais puros
não te renegues venda nos olhos trapo atado no que em ti vibra
o acontecido seja o não coartado e não padrões medidas modos
não retires cores densidades fumos frescura odor
não condiciones o real
curto e inesperado
se levanta
deixa-o afirmar
o que é capaz
"o que lhe está no sangue"
paredões retira-os diante caminha por sobre eles
onde no impulso dos passos suspende-te e torna
às longas alamedas pontes que nos traçavam e uniam
quero-te temendo mas buscando essa alegria e medo
o momento do reencontro
onde a tensão das cordas
pode tudo

"Para nós, que nos educamos no culto do respeito pelo homem, têm muito valor os simples encontros que se transformam, por vezes, em festas maravilhosas "


Saint-Exupery

quinta-feira, novembro 23, 2006


"Se estamos aqui reunidos estou contente. Penso com alegria que tudo quanto escrevi e vivi serviu para nos aproximar. É o primeiro dever do humanista e a fundamental tarefa da inteligência assegurar o conhecimento e o entendimento entre os homens. Bem vale haver lutado e cantado, bem vale haver vivido se o amor me acompanha."


Pablo Neruda, Para nacer he nacido



quarta-feira, novembro 22, 2006

A janela é facto
(também)
principal
interiorina
e Ser
Nela te lanças
no espaço
e ângulos
podendo sentir
o peso
equilibrado
e Livre
ou Presa
diante das ilusões
que passam
por ela

terça-feira, novembro 21, 2006


Exprime-se
nos nossos olhares
a preocupação do simples
do essencial


Rimo-nos forçados por vezes

sábado, novembro 18, 2006

Trigo limpo
peneira boa
destro saber
acreditar
separar
trigo e joio

a indizível cristalinidade

sexta-feira, novembro 17, 2006

As 5 manias ou como acabar de vez com a reputação :)





( a pedido da da herdeira)


Pois é Francis, eu que sou mulher de respeitar "compromissos", vou responder à tua "injunção" de elencar 5 manias, ou seja, caio na tentação de tecer a minha própria desgraça:) - são tantas e tão variadas - que a escolha é deveras difícil, confesso.

Assim sendo, utilizo a metodologia mais fácil, desculpar-me-às. Vou pois, falar das minhas primeiras 5 manias, num dia como hoje de trabalho no meu próprio Gabinete. Bastarão 3 horas, para que aconteçam.

Mania 1) Levantar da cama no último segundo de probabilidade razoável de ainda conhseguir cumprir as minhas obrigações matinais (isto pressupõe outras manias a montante, como é óbvio, como por ex. ter as roupinhas preparadas para vestir, a filha rotinada em comer, vestir, lavar, pentear em tempo vertiginoso, e eu contar milimétricamente o tempo meteórico para fazer as rotinas e sair de casa em tais circunstâncias - não mais de 15 minutos; - e manias a jusante: conduzir tão rápido quanto me fôr possível (não permitido) após deixar a filhota e, ir, aumentando o volume de som da rádio até o sentir ensurdecedor);

Mania 2) Sair de casa com guarda-chuva, metê-lo no carro, e, quando estacionado deixá-lo lá, porque "certamente não há-de chover assim tanto" ... estão a imaginar o resultado;

Mania 3) Entrar e cumprimentar toda a gente que me apareça pela frente, com um "como vai" ou equivalente e esperar pela resposta , com um sorriso nos lábios, mesmo que esteja na mais profunda tristeza, angústia, ou revolta;

Mania 4) Entrar no gabinete de trabalho e abrir a janela, faça sol ou faça chuva ( estão a ver a convergência: o cumprimento deixou as pessoas satisfeitas, o frio (ou calor), faz com que elas não desejam senão por motivo de força maior "incomodar-me" e, assim, tenho umas horitas descansada);

Mania 5) Estou a começar com a mania de gostar de vocês. Vai perdurar esta mania....

quinta-feira, novembro 16, 2006

Ultimamente os dias morrem-me na linha dos lábios, abrasando cada som esboçado, tardando a revelar-se.

Penso em como atravessar a vida, sem magoar o corpo em todas as noites repousadas no interior dos dias.

terça-feira, novembro 14, 2006

Caminhada

Trago-lhe rosa como memória da precaridade
da beleza
e dos encontros
o movimento continua
da expectativa gorada
ao real concreto

segunda-feira, novembro 13, 2006

SONHO



Todos os dias deixo na almofada
sonhos para ti
No mês de Maio

sonhei
com o mês de Abril ...

domingo, novembro 12, 2006

John Nash

John Nash, esquizofrénico, génio da matemática, prémio Nobel da Economia em 1994, defendeu uma teoria dos jogos, assente no seguinte:

"O melhor resultado surgirá quando cada elemento do grupo fizer o que é melhor para si e para o grupo".


Assim, a visão oposta, de que cada jogador escolherá a estratégia que proporcione os melhores resultados para si, sem conluio e, sem atender ao bem estar da sociedade ou de qualquer outra parte, faz com que, por vezes, o equilíbrio de Nash, seja, também, conhecido como equilíbrio não cooperativo.

Pergunto:

Esta teoria (tendo embora por base os jogos), não poderia ser aplicada nos mais variados domínios da vida humana, para além da matemática, economia ou contabilidade, com grandes proveitos?

(Se calhar sou eu que estou a ficar esquizofrénica, mas lamentávelmente sem a "mente brilhante" de John Nash. Será?)


quinta-feira, novembro 09, 2006

Angústia

Dói-me.

Dói-me tanto!

À minha volta sofre-se e eu sofro.

Porquê?

Porque é que o Belo que eu sinto

já não o é?



A indiferença de novo a renascer

Não com força

Mas com fúria talvez



Afogada no espaço externo

da minha muita vontade

de viver junto à vida



Serei eu capaz de não amar?

Serei eu capaz de amar?

terça-feira, novembro 07, 2006





Como o mundo afectivo pode ser fantástico...

Ou: COMO O MUNDO É PERVERSO!!!!


"A maldição de um acto perverso está justamente em que ele, por sua vez procriando, dê à luz a perversidade "

Schiller, Friedrich

domingo, novembro 05, 2006

Cubos de cimento maquilhados
Tantas coisas discordantes
Stop ao sólido
O odioso vem-nos do Homem



O vento acusa-se de negligência.


quinta-feira, novembro 02, 2006

Jackson Pollock


A curiosidade fica desperta para a compreensão duma pintura que à priori não é de acesso imediato








NOTA: (a "inspiração" veio-me de um comentário da Teresa Durães)