domingo, outubro 30, 2005

Aforismo sobre a necessidade absoluta de aprender a nadar


Um cavalo e a morte;
melhor: o cavalo da morte.
Não! A morte a cavalo, assim é que é!
...galopava sobre o cais,
mas, tropeçou caindo ao mar.
E, como não aprendera a nadar, pois trabalhara sempre demais, afogou-se.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Fazer a diferença


Fotografia belíssima de um excelente grafismo a representar a "confusão"!
Pois é, hoje não me apetece escrever nada de pseudo-literário.
É que, perante a magnitude da confusão reinante, sinto necessidade de expressar este pensamento:
Fazer a diferença é saber priorizar. Ser profundo no que é urgente e delegar o restante.

sábado, outubro 22, 2005

... Quase


... Talvez tivesse encontrado o substituto eficaz para bichos e mares imóveis à sua espera.
Enquanto eu olhava, pusera-se a brilhar
a similitude das nossas mais profundas paisagens.
Marcas de ruínas, ausências dolorosas,
boiavam numa linfa imensa. Vinham assinaladas pelas fímbrias acesas da memória.
Adeus, como se diria? ...

quinta-feira, outubro 13, 2005

Fechar o ciclo



Fartei-me de me ver através dos olhos dos outros.
Cansei-me de me rever no olhar alheio nunca descoberto.
Fechei o ciclo e abri o calendário do tempo perdido.
Conheci coisas de mim que o passado não havia registado, tornando-me alheio da responsabilidade por actos esquecidos
ou por sentimentos nunca divulgados.
Ando, agora, a decorar papéis de actor secundário, velho de idade temporal, mas adolescente na sabedoria do saber-fazer.
Tanto tempo que perdi a procurar-me dentro dos olhos dos outros.
Tanta inutilidade em me rever no olhar dos perdidos de vista.
Ainda é tempo de agarrar o tempo, de o desenhar, de o traduzir e de
viver satisfeito com a consciência,
única peça de teatro de vida que nunca perdi.

terça-feira, outubro 11, 2005

Delírio de ausência. Ao meu amor

Vem ter comigo!
Vem ter comigo como se eu fosse o último homem na Terra!
Olha para mim com Amor!
Olha para mim com Luxúria!
Olha para mim com Carinho!
Une a tua Alma à minha!
Toca no meu corpo como se ele fosse feito de água!
Ele moldar-se-á às tuas mãos!
Faz de mim uma continuação de ti!
Cheira-me como se de um campo de flores silvestres se tratasse!
Beija-o com todo o carinho do mundo como se fosse a coisa mais linda e mais bela que alguma vez já viras!
Beija-me as pernas, passa-lhe as mãos!
Beija-me cada centímetro do corpo como se do de uma Deus se tratasse!
Beija-me nos lábios, come-me os lábios!
Agora deita-te para trás que eu faço o mesmo!
É tão bom, sentir-te assim!
Dá-me as mãos, agarra-me pelos pulsos!
Puxa-me para ti!
Tu olhas-me de baixo para cima, agarras-me nas nádegas e afundas me em ti!
Freneticamente balançamos, endoidamos com o suor a descer pelos nossos corpos, gritamos palavras que nunca diríamos normalmente…
E é assim como dois animais tresloucados de cio que nos saciamos, para de seguida, cairmos para o lado e adormecermos, agarrados um ao outro, como se não houvesse amanhã!

quarta-feira, outubro 05, 2005

risos, sorrisos, olhares e silêncios...

É no interior do sonho que olho (para)
o tempo (que já não respira) atravessado pelo riso

esfarrapam-se os espaços (de contacto) onde me apoio
equilíbrio frágil num trapézio de sombras

esboçam-se sorrisos (escondidos)

ao que realmente existe, acrescento olhares (de espanto)
paisagens por desenhar (para dias de ausência)

assim invento maneiras simples de te escrever
como se saíssem da minha voz as palavras onde
o silencio é adorno.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Fulgor das palavras


Habitamos uma terra inglória
que nos trai a cada dia que amanhece.
Mas no fulgor das palavras nos tivemos,
alçados pela esperança,pelo sonho,
pela música dos pássaros e do vento.