quinta-feira, dezembro 28, 2006

Absurdo


Volto à ética. Melhor: à bioética ("bio-ética")
A ética, disciplina filosófica, centrada no domínio científico da vida; a expresssão da consciência pública da humanidade.
Biológicamente a questão é uma, jurídicamente, outra.
A vida.

Do ovo, do peixe, do gato, da couve, do homem ... Ponto final.

É um nível de domínio da autoridade da evidência, onde o sentido da vida se encontra com a realidade.

Depois, bem, depois, as culturas. Mutáveis e diferentes, são reguladas por normas produzidas por um legislador com poder de decidir.
Entre ambas
as questões, urge que fique a coerência entre os interesses e aquilo que é digno de interesse.
E
assim, somos reconduzidos a apreciações subjectivas acerca da criação de valor, do que tem valor.
A ligação entre a nossa finitude e o sentido da vida é desconcertante. Este, emerge da contemplação da morte, da sua inevitabilidade.

Contudo, morrer, ainda não é anacrónico. Faz parte do processo da vida do homo sapiens sapiens.

Não sendo anacrónico, importa dizer que é trágico
morrer antes da idade, sobretudo se fôr evitável.

Nesta quadra, morreram nas estradas portuguesas, 19 pessoas. Um número que não dobra os do ano passado, mas quase.
Vários factores terão contribuído, ou estado na origem, dos acidentes de viação sofridos, de que resultaram estas vítimas mortais (as estradas,a viatura, o cansaço, o alcóol, a distracção, a falta de deztreza, entre tantos outros, como os hábitos absurdos que nunca mudam, mesmo que apregoemos a mutação das culturas, o sentido da vida e o encontro deste com a realidade).


Porque a finalidade do juízo ético é orientar a prática, reflectir sobre a prática, aqui fica, em forma de post mais um apelo à condução segura agora que, de novo, se aproxima mais um período em que grassa a sinistralidade.

11 comentários:

Anónimo disse...

Primeira pergunta:

"(...)dizer que é trágico morrer antes da idade, sobretudo se fôr evitável."

o que significa esta frase?

Segunda pergunta:

Vai dizer - valor médio de esperança de vida 76 - mulher; 74 homem (será?)

Porque é trágico? Trágico é alguém que não quer morrer e morre. Uma tragédia.


Terceira pergunta:

"(...)consciência pública da humanidade(...)"

Os budistas não pensam que a morte é trágico mas o fim da vida do corpo.

será que existe uma consciêmcia pública da humanidade?


Quarta pergunta:

O que significa "domínio científico da vida"? A ciência não é a verdade porque o que não explica é o Cabo das Tormentas.



Primeira opinião

Morte e vida são dois conceitos que andam de mãos dadas. A evitar os acidentes nas estradas, claro. Mas a hipocrisia é tanta que se realmente o quisessem faziam campanha contra o consumo do alcool como fazem contra o tabaco. Mas nós somos produtores de vinho e não está na moda.

Segunda opinião

Qual ética? Qual consciência humana? Sou contra a pena de morte e vão matar o Suddam em meu nome.
Sou a favor da eutanásia mas os que são a favor da pena de morte dizem que só um tal Deus pode tirar a vida. Bioética?

boa tarde, interessante mas o que vejo a correr neste mundo é hipocrisia, ou o absurdo da condição humana (Camus)

Anónimo disse...

A que bioética se refere?
À sua ou à minha?
À deles ou à dos outros?
O que é "bioética"
Fiquei sem saber... agora o que sei é que as mortes nas estradas particularmente em Portugal, colocam-nos perante problemas educacionais e de consciência individual que não têm resposta pela "bioética" como eu a entendo.
Uma "dita ciência" igual a todas as outras, não detentoras da verdade absoluta, mas com a agravante de nesta em particular, a moral estar muito presente, apesar de tal não ser assumido pelos "cientistas" que a tentam prepetuar como ciência.

naoseiquenome usar disse...

Bem, a bioética é isto que estamos aqui a fazer:)
Um espaço de reflexão e acção, que deixou de ser neutra, passando a ser crítica, plural, trnsdisciplinar, abarcando psicologia, direito,
biologia, antropologia, sociologia, ecologia, teologia, filosofia, etc, etc, etc, etc, observando as
diversas culturas e valores de um dado tempo (mutáveis e diferentes, como se disse, sendo que não raramente os actuais valores se impuseram à força de contra-valores anteriores).
È critíca e prática, tentando justificar a acção humana, mais concretamente no domínio da vida em conjugação com a constante evolução da tecnologia e dos avanços da ciência, tendo como limite a dignidade humana,e, por isso cada vez em mais estreita ligação com o biodireito.

Como no post se aborda a temática da vida e da morte, por contraponto, sendo que, respondendo à Teresa a morte é trágica quando quem não quer morrer morre, sim senhora, sabendo todos nós que se anda à procura de um elixir da vida ou da vida eterna, logo assim sendo prtáticamente todas as mortes seriam trágicas, eu queria referir-me a estas mortes na estrada que ceifam a vida de quem não quer, ou, (poderei estyar enganada) arranjariam uma outra forma de suicídio, tantas vezes em função de determinantes factores que o próprio ocasionou.
Foi nessa medida que falei da biotécia J.F. Por nesta estar contida a vida e a morte. Como na medicina ou no direito...

As tragédias na estrada devem-se como disse a múltiplos factores, desde as condições ambientais:) aos factores individuais e hábitos (maus) associados, que, à semelhança do uso do preservativo/HIV, por mais informação que se tente transmitir, a mensagem não chega.

Contudo... água mole em pedra dura...
é o que estamos a fazer.
Obrigada pela ajuda :)

naoseiquenome usar disse...

Esqueci-me apenas de dizer à Teresa que não, que não vão matar por enforcamento, Sadamm, em seu nome (da Teresa) ou do meu.
Vão matá-lo, porque ali, replicando a atitude de quem se condena, ainda não chegou a referida expresssão da consciência pública da humanidade.

Anónimo disse...

Ah!
Rendido à douta explicação...
Assim entendemo-nos.
Mas já agora, sobre o enforcamento de Saddam previsto para 2 de Janeiro:
De que bioética(s) estamos a falar?

naoseiquenome usar disse...

Terrível J.F., terrível!:)
Eu respondo: estamops a falar da ausência da dita, nos moldes em que, pelos vistos, a acabámos de entender.

Anónimo disse...

A vida eterna (exilir da vida) não é a do corpo mas a da alma (em termos filosóficos).

Porque vida eterna em termos físicos não tem qualquer sentido: seria a ampliação do tempo de ser-se criança, adolescência, adulto e velhice. É o mesmo que pode pensar acerca da duração do universo: eterno - que não é. Somente ampliado.

Pessoalmente não procuro ampliar o meu tempo de vida. Nem encurtar. Enquanto vivo procuro respostas para mim, apenas.

Há certas verdades que parecem verdadeiras mas não são.

Uma das conversas que tive com o meu marido hoje foi acerca das verdades (ou da consciência/moral).

Não vejo a humanidade com uma verdade mas sim com várias. Ninguém está certo nem errado. São apenas verdades diferentes e todas têm de ser respeitadas desde que não interfira na vida dos outros.

Quando foi o Tsunami um estrangeiro refilava porque dizia que os europeus deveriam ter direito aos corpos para um enterro digno. Um tailandês respondeu que ali o corpo não tinha qualquer valor, apenas era um invólucro para a alma e como tal os monges cremavam.nos por questões de saúde pública principalmente numa catástrofe como aquela. E o estrangeiro tinha de respeitar os seus valores.

Boa noite

Francis disse...

Portugal dejá vu.

Tenho andado arredado destas lides mas não estou esquecido.
Vais ver que não :-)
Um beijo enorme e tudo de bom pour toi! :-)

Anónimo disse...

Obrigado pelo abraço muito apertado, retribuo-o abraçando-te corpo e alma.
Quanto às loucuras na estrada o melhor mesmo, é andar alerta e aproveitar para descansar nestes feriados. Existem outros homicídios igualmente absurdos ...aquilo que te posso dizer é que uma mente descansada reage de forma completamente diferente (na velocidade de reação e no discernimento). Ainda outro dia lia um artigo dizendo que somos o povo que menos dorme, andamos a correr atrás de nada e perdemos tempo em filas ...
Bem um beijo e espero que tenhas uma boa noite de fim de ano.
Um beijo grande.

Anónimo disse...

Nascemos e morremosum pouco todos os dias. Metafóricamente falando. Não voltamos a nascer. Quando morrermos erá de vez, na perspectiva da existência física.
Teham cuidado!
Há aventuras ainda não estudadas!
Passem o ano em PAZ (veja-se o post anterior)

Anónimo disse...

alguém da DGV:
Cuidado:
- estado da viatura (pneumáticos, travões, cinto de segurança, cadeira de bebés e crianças até 40kg e 1,50m,etc... vejam); copndições atmosféricas ( e da própia via); stilo de condução( velocidade moderada, distância do veículo da frente); estado do tempo (nevoeiro, chuva, etc).
Cuidado. Tenham cuidado!
E bom ano.