sexta-feira, janeiro 12, 2007

O estado em que estamos


É assim que anda o nosso País.
Fundido.
Na saúde, na educação, na justiça, na administração interna, seja lá onde fôr, todos reclamam do Estado uma postura paternalista.
O estado-providência já foi.
Felizmente não estamos em Cuba, nem na ex-URSSS.
O problema é que os actores, os indivíduos, deste nosso país ledo e cedo, fogem como o diabo da cruz das suas próprias responsabilidades.
Queixamo-nos.
Por tudo e por nada, com os direitos que nos assistem, reclamamos. No sítio certo, nos jornais, em blogs...
E defendemos os nossos interesses. O nosso umbigo...
E não vemos para além disso.
Na vida pública, profissional ou privada.
Em termos de vida privada ainda pululam os amantes produzidos por amores proibidos, quial Rainha Santa, porque ninguém quer abandonar o seu status e espera-se sempre que seja o outro ou um terceiro a definir a vida de cada um;
Em termos profissionais, temem-se as mudanças. Os súbditos têm medo de propôr alterações, já que as represálias dos Chefes podem fazer-se sentir.
Os Chefes têm medo de introduzir mudanças, já que podem contar com a resistência dos colaboradores;
O nosso Estado no meio de tudo isto faz de conta que faz.

Mas será que ainda ninguém percebeu que esta malfadada postura nos arrasa a todos?

Estamos num estado de metaforização da cidadania.

Todos os processos de aprendizagem passam necessariamente por uma interacção muito forte entre o sujeito da aprendizagem e o objecto, simbolizando-se como objecto o todo envolvido no processo, seja o médico, o polícia, o professor, o computador, os colegas, o assunto, o indivíduo! Só a partir desta interacção completa é que poderemos dizer que estamos "construindo" novos estágios de conhecimento, tanto no aprendiz como no feiticeiro.

Está tudo fundido.
Ou, ironicamente, "mal fundido"

13 comentários:

Anónimo disse...

Assertivo menina: andamos todos "mal fundidos"!

O miserabilismo da responsabiidade de um país pobre e periférico.

Anónimo disse...

E,
relativamente à vida privada,
quando as pessoas lhe chamam amizades coloridas ou amigos?

Não sei o que é isto.

Vivemos num mundo egocêntrico.

Bem-haja.

Anónimo disse...

Gostaria muito de discordar com o que acabo de ler mas, de facto estou de acordo em 200%.

Recordo com saudade alguem que dizia " é muito fácil criticar o trabalho dos outros".

Anónimo disse...

Um dia, vamos perceber, que foi tarde demais.

Anónimo disse...

Há nabos a mais e falta de uma coisa que eu não digo.

Anónimo disse...

Cara nãoseiquenome usar, nome verdadeiramente inédito:
Temos à frente dos destinos de portugal, neste momento um ser absolutamente frio e cínico.
Não será desculpa para o que somos, efectivamente. Mas é, de novo, um incremento.

naoseiquenome usar disse...

Meus caros amigos comentadores:
Obrigada.
Mas quereis saber? ... Somos todos uma Merda! Isso, com as letras todas!
E, enquanto não pensarmos no colectivo, no que é melhor para todos, (sendo que cada um de nós representará de quando em vez um dos papéis do colectivo - pense-se em doentes ou alunos - estamos mal. Mesmo, mesmo mal)

Anónimo disse...

Fundido.
"Mal fundido"
Se soubesses como te percebo!

Anónimo disse...

Mal fundidos? ehehehe !
Sim, mesmo muiuito mal "fundidos"
Gostei deveras desta imparcial apreciação.

Anónimo disse...

É com exigência dos direitos no pressuposto do cumprimento dos deveres que o Estado de Direito, seja ele providencial ou não, deve existir.
Mudanças são sempre bem vindas desde que sejam alicerçadas na opinião e no sentir dos “súbditos” e não um resultado do querer de “chefes” ou de iluminados que só exigem os “deveres” sem olhar aos “direitos”.
Isto é que é pensar no colectivo.
Só assim cada “súbdito” se sentirá mais responsabilizado por essas mudanças e na sua concretização estarão empenhados.
Sendo assim, idealmente, nada nem ninguém ficará fundido.

naoseiquenome usar disse...

C'um carago,mas eu acho mesmo que estamos todos mal fundidos (na sua expressão)

Anónimo disse...

O "estado" somos nós!
Mas "nós sabemos o que queremos? Não me parece. No colectivo.
Está tudo à espera da mágica estrelinha.

Anónimo disse...

Calma!!!
Cara "naoseiquenome usar" ou estou a interpreta-la mal ou hoje está verdadeiramente CAUSTICA,AMARGA,IRONICA(pelo menos em alguns comentários).
Quanto aos doentes e alunos tenho opiniões diferentes.
Os verdadeiros doentes, creio eu pelo que constato, em Portugal não são mal tratados.Agora há uma grande % de doentes que não são doentes, são consumidores dos serviços de saude, quer publico quer privado e são esses os que mais se queixam e muitas vezes a mim causam alguma indiferença, irritaçao.
Os alunos estão mal, pois estão.Quem são os culpados?! Penso que toda toda a sociedade.
Pais cansados, filhos "abandonados".
Professores mal formados não conseguem ser bons formadores....( fazendo referencia particular aos técnicos de saude,quem são os professores quem são os monitores de estágio?!)...

Abraçamos uma Liberdade que não temos sabido usar.
Estamo-nos a tornar numa sociedade subsidiodependente. Deixamos de lutar para atingir objectivos "se não fizeremos, vai haver alguem que faça por nós".

...

Sim, sinto-me muitas vezes uma verdadeira MERDA, mas nem sempre, ás vezes até me sinto muito especial, será que o espelho me anda a enganar?!:))))))

Deixo-lhe aqui este poema com o desejo dum bom domingo.

Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.



Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen